
Nesta sexta-feira, 2 de maio de 2025, o dólar registrou queda em relação ao real, refletindo o otimismo dos mercados com a possibilidade de uma trégua nas disputas comerciais entre Estados Unidos e China. O movimento também foi impulsionado por dados positivos do mercado de trabalho norte-americano, que superaram as expectativas dos analistas.
Dólar em queda: cenário positivo favorece o real
Por volta das 9h57, o dólar à vista era negociado a R$5,6430, com queda de 0,59%. No acumulado da semana, a moeda norte-americana já apresentava desvalorização de 0,83%. No mercado futuro da B3, os contratos com vencimento mais próximo registravam baixa de 0,31%, cotados a R$5,686.
A desvalorização do dólar acontece em meio a uma onda de otimismo nos mercados globais, com os investidores buscando ativos mais arriscados diante do possível início de conversas tarifárias entre as duas maiores economias do mundo.
Negociações entre EUA e China aliviam tensões no mercado
O Ministério do Comércio da China anunciou nesta sexta-feira que está avaliando uma proposta dos EUA para retomar o diálogo sobre tarifas comerciais. O gesto é visto como um sinal de distensão, mesmo com Pequim alertando que não aceitará pressões ou imposições por parte de Washington.
O posicionamento da China traz alívio a uma semana marcada por incertezas sobre a relação bilateral. Enquanto autoridades americanas sinalizavam um possível acordo em breve, o governo chinês vinha negando qualquer avanço concreto nas negociações. A mudança no tom, agora mais conciliador, reacende as esperanças de resolução do impasse.
Desde o anúncio feito por Donald Trump no chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril, as tarifas de ambos os lados atingiram níveis extremos — 145% por parte dos EUA sobre produtos chineses, e 125% por parte da China sobre mercadorias americanas. Esse cenário intensificou os temores de uma recessão global, mas agora os mercados reavaliam esse risco com mais cautela.
Dados de emprego fortalecem o apetite por risco
Outro fator que impulsionou o otimismo dos investidores foi o relatório de emprego dos Estados Unidos referente ao mês de abril. Segundo dados divulgados pelo governo norte-americano, foram criadas 177 mil novas vagas no mês — acima da projeção de 130 mil feita por analistas da Reuters, embora abaixo dos 185 mil postos abertos em março.
O resultado sólido reforçou a confiança na recuperação do mercado de trabalho, mesmo após a contração de 0,3% no PIB dos EUA no primeiro trimestre, divulgada nesta semana. O número abaixo do esperado havia gerado preocupação com uma possível desaceleração mais forte da economia americana.
Com o dado de hoje, os investidores ajustaram levemente suas expectativas sobre os futuros cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve. As apostas passaram de 90 para 87 pontos-base acumulados em cortes até o fim do ano.
Efeito no mercado internacional e moedas emergentes
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda dos EUA frente a uma cesta de seis moedas fortes, recuava 0,31%, atingindo 99,832 pontos. A divisa também caía frente a outras moedas emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno.
Os rendimentos dos Treasuries de dez anos — referência para o mercado global — subiam quatro pontos-base, sendo negociados a 4,273%. Em condições normais, esse movimento favoreceria o dólar. No entanto, o sentimento positivo do mercado tem fortalecido moedas de maior risco, como o real brasileiro.
Conclusão: ambiente mais estável favorece moedas emergentes
A combinação de expectativa por negociações entre China e Estados Unidos e os dados positivos de emprego nos EUA está criando um ambiente mais favorável para ativos de risco. Com isso, o real se beneficia da valorização frente ao dólar e os mercados globais demonstram maior disposição para buscar ganhos fora dos ativos considerados “seguros”.
Esse movimento pode indicar uma mudança de tendência no curto prazo, especialmente se as conversas comerciais entre as potências evoluírem e os próximos indicadores econômicos confirmarem a resiliência da economia norte-americana.
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