O Brasil está prestes a registrar um avanço histórico no número de investidores em 2025. Estimativas indicam que mais de 4 milhões de brasileiros devem começar a aplicar seu dinheiro em produtos financeiros neste ano, elevando o total de investidores de 37% para 39% da população. Isso representa cerca de 59 milhões de pessoas com algum tipo de investimento financeiro, segundo levantamento recente sobre o perfil do investidor brasileiro.
Aplicativos bancários lideram como meio preferido para investir
Um dado que chama atenção no comportamento do investidor é o uso da tecnologia: os aplicativos de bancos se consolidaram como a principal porta de entrada para novos investidores. Em 2024, 49% das pessoas preferiram usar o app do banco para aplicar recursos, frente a 45% no ano anterior. A praticidade, acessibilidade e integração com contas correntes tornam esses apps uma opção cada vez mais popular.
Perfil dos novos investidores brasileiros
A expansão do número de investidores vem acompanhada de mudanças no perfil social e regional. A região Sudeste continua liderando, com 43% dos investidores, seguida por Nordeste (26%), Sul (15%), Norte e Centro-Oeste (ambos com 8%).
Entre os gêneros, as mulheres representaram 51,5% dos investidores, demonstrando uma crescente conscientização sobre planejamento financeiro. Já no recorte por classe social, a classe C lidera com 47%, enquanto as classes D/E e A/B somam 29% e 24%, respectivamente.
Por que os brasileiros estão investindo mais?
Entre os principais motivos citados para investir, a busca por retorno financeiro lidera com 33%, seguida por segurança (23%) e facilidade de aplicação (14%). Além disso, houve um crescimento no número de brasileiros interessados em montar uma reserva financeira de emergência, que passou de 6% em 2023 para 9% em 2024.
No entanto, apesar do crescimento, muitos ainda ficam de fora do mercado financeiro. Em 2024, cerca de 32 milhões de pessoas tinham dinheiro guardado, mas não o aplicaram. Isso revela uma oportunidade significativa para a educação financeira alcançar esse público e ampliar o acesso ao investimento consciente.
Quatro perfis de comportamento financeiro no país
Com base nas respostas da população, é possível classificar os brasileiros em quatro perfis distintos:
- Sem reserva (52%): maioria absoluta que não tem poupança ou investimento.
- Diversifica (17%): público mais experiente, que aplica em diversos produtos.
- Economiza e não investe (12%): guarda dinheiro, mas não aplica.
- Caderneta (10%): mantém seu capital exclusivamente na poupança.
Esses grupos mostram que, embora o acesso à informação esteja aumentando, ainda há um grande espaço para avanço da cultura do investimento no Brasil.
A ascensão das apostas online e o alerta para saúde pública
Outro fenômeno que chamou atenção em 2024 foi o crescimento das apostas online (bets). Cerca de 23 milhões de brasileiros (15% da população) realizaram ao menos uma aposta em plataformas digitais. Em comparação, esse número supera o total de investidores em produtos tradicionais como títulos públicos, fundos ou ações.
Um dado curioso é que 4 milhões de pessoas veem as apostas como uma forma de investimento, o que acende um sinal de alerta entre especialistas. Além disso, cerca de 3 milhões de apostadores apresentam tendência alta ao vício, conforme critérios internacionais usados na pesquisa.
Especialistas em educação financeira e saúde pública apontam que o cenário das apostas exige atenção urgente das autoridades e da sociedade. O fácil acesso às plataformas e a falta de regulação robusta podem expor milhões de pessoas a riscos psicológicos e financeiros sérios.
Considerações finais
O Brasil vive um momento de transformação no que diz respeito ao comportamento financeiro da população. O avanço tecnológico, a digitalização bancária e o maior acesso à informação estão abrindo caminhos para que milhões de pessoas se tornem investidores. No entanto, ainda há desafios importantes: garantir educação financeira de qualidade, combater a desinformação e lidar com o impacto crescente das apostas online na saúde da população.
Com as ferramentas certas, políticas públicas eficazes e ações educativas bem direcionadas, o país tem tudo para continuar evoluindo no caminho de uma sociedade mais consciente financeiramente.
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